Ikebana é uma arte milenar japonesa.
Os antigos acreditavam que Deus habitava na Natureza, no mar, nas montanhas, no fogo, nas árvores e acreditavam que as flores tinham espírito.
No Japão, havia o costume de se oferecer flores e plantas as divindades. Os ofertórios de flores estavam sempre presentes em cerimônias religiosas.
Após a II Guerra Mundial, ocorreu o crescimento do número de estilos de Ikebana pelo mundo afora.
A Ikebana saía dos templos, palácios e mosteiros para ganhar o mundo.
A Ikebana passou a ser apreciada pela nobreza e deu origem a variedade conhecida como nagueirebana, aonde a flor é colocada despretensiosamente no vaso.
Tempos depois os arranjos foram se tornando mais simples e menores, sem perder o seu requinte.
A Ikebana, a arte de vivificação floral, é o fruto do trabalho conjunto do homem e da natureza, representado pela flor. Busca-se valorizar o formato dos galhos e flores no seu estado original.
Como é feita
A Ikebana é feita seguindo as linhas imaginárias de uma pirâmide triangular invertida (ápice para baixo, base para cima). As três linhas dessa pirâmide triangular são constituídas pelos três ramos principais. O maior vai corresponder ao “Sol”, o médio a “Lua” e o menor a “Terra”.
Os ramos tem comprimentos diferentes, que causam a sensação de equilíbrio e harmonia, assim, o “Sol”, deve ter 2 vezes o tamanho do vaso, ou nos vasos baixos, 2 vezes o tamanho da sua boca, a “Lua”, dois terços do tamanho do “sol” e a “Terra”, a metade do tamanho do “sol”.
O Ramo do Sol é o ramo principal e deve ser bonito e viçoso. A flor que acompanha o Sol é a mais fechada.
O Ramo da Lua combina com o Sol e expressa vigor. A flor que acompanha a Lua é semi-aberta e deve ser a mais bonita.
O Ramo da Terra transmite a sensação de abundância para expressar dimensão e profundidade, e combina com os ramos do Sol e da Lua. A flor que acompanha a Terra é a mais aberta.
As flores devem ser colocadas com elegância e expressividade, fazendo um contraponto com os ramos. O equilíbrio vem da harmonia do material com o vaso, pois a beleza reside na sua assimetria e diferença de ângulo.
Na arte da Ikebana o essencial é a assimilação das regras básicas, assim, devemos esforçar-nos com humildade e amor para desenvolver nossa habilidade, mediante constante treinamento.
Na vivificação floral jamais force as flores. Realce suas características, vivificando-as com a maior naturalidade possível. Obedeça a natureza de cada flor e use de preferência, as flores da época.
A flor tem sentimento e precisamos preservar a vitalidade da flor, conservar seu aspecto natural e usar pouco material e vivificar com alegria como se estivesse pintando um quadro.
A flor tem o poder de eliminar os pensamentos negativos, e por isso é importante ornamentar com flores todos os locais aonde se reúnem pessoas. No canto do escritório, em cima da escrivaninha, onde quer que seja, a flor nos reanima e nos faz sentir um toque de pureza. Se chegarmos ao ponto de existirem flores onde quer que haja pessoas, a força para tornar ameno este mundo infernal será bem grande. Este mundo depende de nossas atitudes e, por meio das flores pode tornar-se ideal.
Hoje, na sociedade em que vivemos, certamente a flor cria uma boa energia ao nosso redor, purifica nosso sentimento e estabelece um oásis de paz e tranquilidade.
A Justiça Sensorial estimula os cinco (5) sentidos das partes, para a percepção do corpo e expansão da consciência.
Através da Ikebana eu estimulo três (3) sentidos, a visão, através da percepção do belo, o olfato, através do perfume da flor e o tato através da leveza e sublimação da flor.
A flor elimina a oralidade, a flor não fala, e se comunica através dos nossos sentidos primitivos e nos remetem a sensações experimentados em momentos alegres e sensíveis, como por exemplo receber flores no nosso aniversário.
Observo que quando olhares tristes e perdidos recebem uma flor, imediatamente se iluminam e abrem um sorriso, mesmo que discreto.
Segundo a dra. Sheila Rangel @sheilarangel, Mediadora Judicial do TJBA, criadora de um método inovador e mais humanizado, para a Resolução de Conflitos, a Justiça Sensorial, quando somos guiados por um terapeuta interativo, que promove o estímulo dos cinco (5) sentidos, expandimos nossa consciência. O grande desenvolvimento da oralidade (fala), deixou em desuso nossos mecanismos primitivos, nossos cinco (5) sentidos.
Precisamos de práticas que nos ajudem a nos conectar com nosso eu verdadeiro.
Eu uso as Ikebanas como prática integrativa para expansão da consciência.
As flores nada falam. Seguindo a Lei do Universo, elas florescem silenciosamente, conforme lhes orienta o tempo e, após caírem, sem que o percebamos, oferecem os frutos para a propagação das sementes.
As flores não se orgulham, nem se entusiasmam; lindas e deslumbrantes, prosseguem sua existência silenciosa e tranquilamente. As pessoas se afeiçoam a elas e as vivificam, a flor tem o poder de debilitar os pensamentos negativos.
A Ikebana tem o poder de transmitir energia e vibração positiva e elevar o sentimento da pessoa que a vivifica. Nota-se uma expressão de alegria e felicidade no semblante da pessoa ao tocar a flor, tornando sua personalidade mais amigável e concentrada, e com isso o clima fica mais leve, favorecendo a Resolução do Conflito e o fechamento do acordo.
Estendendo esse conceito , estou querendo dizer que se o sentimento, as palavras e as ações de cada ser humano se tornarem belos, os relacionamentos humanos serão igualmente harmoniosos.
O ponto culminante da arte não é copiar a natureza tal como ela é, mas sim expressar a belo por meio da personalidade do homem. O ser humano deve procurar a verdade em seu próprio coração e só então elevar o sentimento de quem a aprecia que deve encontrar dentro de si o mundo do belo.
A essência do caminho
Da vivificação da flor
Do Sanguetsu
Não é a técnica
E sim o amor
Com a qual a vivificamos
Pela eternidade
Respeitarei a flor,
Que é sublime
Em refletir o sentimento
Da pessoa que a vivifica
Itsuki Okada
Seja bem-vindo ao Caminho da Flor.
REFERÊNCIAS:
Apostila do Curso Básico da Academia Sanguetsu de Vivificação da Flor, edição de 10 de novembro de 1977. Tradução: Igreja Messiânica Mundial do Brasil.
Coletânea O Sorriso da Flor (Hana – Emi) – Itsuki Okada
Material de Estudo, Ikebana Sanguetsu – Fundação Mokiti Okada